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O Galo da Madrugada invade o centro da cidade de tal forma que
já não se sabe quem é do Galo, quem olha o Galo, quem não é do Galo, onde está o Galo. 

O Galo é o povo.   É o povo sonhando, cantando, brincando, sem preconceitos e sem cordões de isolamento, debaixo de Sol ou de chuva, com dinheiro ou sem dinheiro”.




Da união de um grupo de amigos e famílias do Bairro de São José, comandados pelo baluarte Enéas Freire, surgia, no dia 24 de Janeiro de 1978, o Clube de Máscaras Galo da Madrugada. Sem grandes pretensões, aquele que viria a se tornar um fenômeno mundial foi criado com um único e simples propósito: fazer renascer o tradicional, espontâneo e criativo carnaval de rua do Recife, então ameaçado pelos clubes e passarelas, que, cada vez mais limitavam – em espaço e participantes – o fazer da folia.



Durante muito tempo, os que viveram os carnavais passados deixaram de sorrir, viram fugir de cada um a alegria e a animação do reinado de momo. Sempre que as famílias sofrem, seus líderes e baluartes protestam em defesa dos seus ideais, dos seus familiares e dos seus interesses. 

Essa foi a intenção da família Alves Freire, para salvaguardar os interesses do morador do Bairro de São José, das tradições do Recife e o carnaval pernambucano. Acoplada a esta opinião, estavam muitos amigos que o ajudaram a carregar o estandarte da mais forte agremiação carnavalesca da região”.

(Adjeci Soares - “Viva o Galo! Explosão do Carnaval Pernambucano – Recife, 1992).  
Primeiro desfile do Galo da Madrugada- 1978.



Assim nascia o Galo da Madrugada, nas ruas estreitas, apertadas e becos tortuosos do Bairro de São José, berço dos primeiros clubes e blocos carnavalescos do Recife. Naquele mesmo ano, no dia 04 de fevereiro de 1978, o Galo saiu às ruas pela primeira vez: cerca de 75 “almas penadas” - primeira fantasia do Clube – percorreram as ruas do Bairro, com seus sacos de confetes e serpentinas e acompanhadas por uma orquestra de frevo composto por 22 músicos. 

Era o início do reinado de um fenômeno que não pararia mais de crescer...

O repórter Francisco José, que, coincidentemente, esteve com a equipe da TV Globo naquele dia, no Bairro de São José, para produção de uma reportagem com a carnavalesca Badia, conta que soube, através dela, que nascia, naquele dia, um novo bloco naquelas redondezas. 


E se encantou com o que viu. “Era tão bonito, tantas fantasias, não havia muitas pessoas, mas era belíssimo. Procurei, então, saber quem havia organizado aquilo. Foi quando me disseram: ‘foi Eneás’. 


Fui, então, conversar com ele e, já naquele primeiro desfile, ele disse que nascia, ali, um bloco que viria a se tornar um dos mais bonitos do Bairro de São José”, recordou o jornalista, em depoimento ao documentário “Do Papagaio ao Galo- Enéas Freire, o Guardião das Tradições” (Recife, 2009).



Primeiro desfile do Galo da Madrugada- 1978

No ano seguinte, 1979, o Galo já contava com um número de foliões quase cinco vezes maior: 350 pessoas, vestidas de palhaços, almas, morcegos, diabos, árabes, cabeções de galos, arlequins e pierrôs, entre outras fantasias. Nesse mesmo ano, o bloco realizou a 1ª Noite dos Estandartes, no Clube Português, e também ganhou o seu estandarte e hino oficial – criados, respectivamente, pelo fundador Mauro Freire e pelo compositor José Mário Chaves.




Primeira Noite dos Estandartes (Clube Português, 1979)

Em 1980, desta vez tendo como fantasia a “Nêga Maluca” e o “Nêgo Mississipi”, o Galo consegue arrastar pelas ruas e ruelas do Recife cerca de 800 foliões. 


Em 1981, a multidão passou para mais de 1.500 pessoas. Nesse mesmo ano, o Galo cria o desfile de fantasia de papel na Praia de Boa Viagem e, em 1983, a Festa da Cerveja. Tudo, é claro, com o mesmo propósito: levar o frevo aos quatro cantos da cidade – nas ruas, praias e salões.


Em crescimento constante, o desfile do Galo passa por sua primeira grande mudança em 1984, quando as orquestras de frevo passaram a desfilar em cima de caminhões. A ideia não vingou por muito tempo: dois anos depois, já era impossível o som das orquestras alcançarem “naturalmente” toda a multidão que acompanhara o bloco; a solução foi recorrer aos trios elétricos.




Galo da Madrugada- década de 1980

Desfile na Praia de Boa Viagem

Um ano antes, no carnaval de 1985, o Galo da Madrugada trouxe para o seu desfile o maior apresentador da TV brasileira de todos os tempos, o pernambucano Abelardo Barbosa – Chacrinha. 

Em um palanque armado na Praça da Independência e envolto de uma multidão que “só vendo pra crer”, o artista foi homenageado com o troféu Galo de Ouro. Ainda em 1985, o Galo deu à luz mais um descendente: o Bloco das Ilusões, agremiação lírica formada, a priori, pelas esposas dos diretores do Clube.



Bloco das Ilusões- década de 1980

Em 90, o Galo superava o sucesso dos anos anteriores, levando às ruas do centro da cidade uma multidão incalculável de quase um milhão de foliões, brincando, pulando e cantando sob o calor de 36 graus. A ordem era brincar e pular, parecendo até que todos eram movidos a frevo e empolgação”.

(Adjeci Soares - “Viva o Galo! Explosão do Carnaval Pernambucano – Recife, 1992)

Em 1991, cumpre-se uma profecia: em seu 14º desfile, o Galo da Madrugada confirmou a previsão do jornalista e radialista Stélio Gonçalves, ex-diretor de jornalismo da Rádio Clube de Pernambuco, que, um dia, garantiu: “o Galo seria a maior agremiação de rua de Pernambuco”. 

De fato, naquele 09 de fevereiro de 1991, o bloco reuniu mais de um milhão de foliões, que tomaram as ruas e pontes da cidade ao som de duas orquestras de frevo, 12 carros de som e oito trios elétricos.

Galo da Madrugada- década de 1990



Anos mais tarde, em 1994, veio o reconhecimento internacional do livro dos recordes, o Guinness Book. Tornou-se, então, oficial: o Galo da Madrugada era considerado o maior bloco de carnaval do planeta, num carnaval que reuniu um milhão e meio de foliões. 

O título estampou a edição do ano seguinte do livro. Para comemorar e também reverenciar a majestade do carnaval pernambucano que acabara de ganhar o mundo, a Prefeitura do Recife pôs, em 1995, um gigantesco galo sobre as águas do Rio Capibaribe, tornando ainda mais belo o espetáculo carnavalesco recifense. 


Em 1996, a apoteose do desfile ganhou ainda mais cor e brilho: camarotes, sombrinha gigante, casal de Rei e Rainha do Maracatu sobre o Rio Capibaribe e um Galo bem mais gigantesco, desta vez montado na Ponte Duarte Coelho – onde é posto até hoje.




Comemorando os 100 anos do frevo, o Galo da Madrugada realizou, em 2007, um desfile à altura da festa e, mais um vez, conseguiu arrastar um milhão e meio de pessoas pelas ruas do centro do Recife. 

Em 2009, mais um recorde: os foliões ultrapassaram a marca dos dois milhões, num histórico desfile que homenageou o fundador Enéas Freire – falecido em junho do ano anterior. 


Neste mesmo ano, mais precisamente no dia 20 de fevereiro, o maior bloco de carnaval do mundo tornara-se também Patrimônio Imaterial de Pernambuco, através de lei assinada pelo governador Eduardo Campos.





Fuente: O Galo da Madrugada, YouTube